Pais Protestam pela Terceira Vez Contra Suspensão de Serviços; Prefeitura Admite Demora em Nova Contratação, mas Não Define Prazos.
Por Jardel Cassimiro
Nesta terça-feira (18), pais e responsáveis por alunos da rede municipal de ensino de Maceió tomaram as ruas em protesto contra a interrupção do transporte escolar, essencial para milhares de crianças e adolescentes da capital alagoana. Com bloqueios na Rota do Mar, no bairro Benedito Bentes, e em frente ao Parque Shopping, em Cruz das Almas, o movimento evidenciou a exasperação de famílias que enfrentam, pela terceira vez em menos de um ano, a falta de suporte logístico para garantir o acesso à educação.
O serviço foi suspenso após o término do contrato entre a Secretaria Municipal de Educação (Semed) e a empresa terceirizada responsável pelo transporte. A prefeitura afirmou que está em processo de nova licitação, mas não apresentou um cronograma para a retomada das atividades, deixando comunidades em áreas periféricas — onde o transporte público convencional é escasso — em situação crítica.
Protestos e Desespero nas Periferias
Na Rota do Mar, uma das principais vias do Benedito Bentes, pais seguravam cartazes com frases como “Educação Não Pode Esperar” e “Prefeito Invisível”. Em Cruz das Almas, a mobilização paralisou o tráfego próximo ao shopping, com manifestantes exigindo soluções imediatas. “Meus filhos perderam aulas hoje porque não temos como chegar à escola. É um descaso que se repete”, desabafou, a mãe de dois estudantes, em meio ao protesto.
A falta de transporte afeta diretamente estudantes de regiões distantes do centro, onde escolas municipais concentram a maior parte das matrículas. Sem opções acessíveis, muitas crianças dependem exclusivamente do serviço terceirizado — agora interrompido sem aviso prévio às famílias.
Semed Reconhece Falhas, mas Não Aponta Soluções
Em nota, a Semed admitiu que a situação é “emergencial” e afirmou estar “agilizando processos burocráticos” para contratar uma nova empresa. No entanto, a secretaria não detalhou os motivos que levaram ao atraso na renovação do contrato anterior, nem explicou por que não houve planejamento para evitar a descontinuidade do serviço.
“É inaceitável que uma cidade com os desafios logísticos de Maceió não tenha um plano B para algo tão básico quanto o transporte escolar. Isso reflete negligência na administração de recursos essenciais”.
Cobrança Política e Risco de Evasão Escolar
A crise reacendeu críticas ao prefeito João Henrique Caldas (PL) e à equipe da Semed. Opositores apontam que a gestão subestimou a gravidade do problema, mesmo após protestos anteriores. “Isso não é apenas um erro operacional, mas uma falha humana. Quantas crianças precisam faltar à aula para que o poder público acorde?”.
Educadores alertam para o risco de aumento da evasão escolar, já que muitos estudantes dependem do transporte para manter a frequência. “Sem acesso à escola, estamos aprofundando desigualdades”.
Enquanto a prefeitura não concretiza a nova contratação, pais prometem intensificar a pressão.
Para Maceió, a crise é mais um capítulo na luta por direitos básicos — e um teste à capacidade de sua gestão em priorizar a educação.