Execução à Luz do Dia Expõe Crise de Violência e Inação Política em Alagoas

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Trabalhador terceirizado da Braskem é assassinado com múltiplos tiros; governo Dantas enfrenta críticas por priorizar blitz a motos enquanto homicídios disparam

Por Jardel Cassimiro
Marechal Deodoro–AL, 18 de fevereiro de 2025

Na saída do turno da tarde desta terça-feira (18/02), o silêncio do polo industrial de Marechal Deodoro, em Alagoas, foi rompido por disparos de arma de fogo. Testemunhas relataram à reportagem que um trabalhador terceirizado da Braskem, cuja identidade aguarda divulgação pela polícia, foi executado com pelo menos cinco tiros enquanto deixava o local de trabalho. O crime, ocorrido em plena luz do dia, tornou-se o símbolo mais recente de uma crise de violência que mergulha o estado em um cenário descrito por moradores como “selvageria aterrorizadora”.

Segundo relatos, o homem foi abordado por dois indivíduos em uma motocicleta, que efetuaram os disparos antes de fugir. O corpo foi encontrado a poucos metros da entrada da fábrica, em uma via pública movimentada. A Polícia Civil iniciou investigações, mas não há suspeitos identificados ou motivação clara para o crime. A Braskem emitiu nota lamentando o ocorrido e afirmando cooperar com as autoridades.

Governo sob Fogo: Blitz a Motos vs. Ondas de Homicídios
Enquanto o homicídio choca a região, o governo do estado, liderado por Paulo Dantas (MDB), enfrenta acusações de negligência. Nas últimas semanas, a gestão concentrou esforços em operações para apreender motocicletas — medida criticada como “teatro” por moradores. “Enquanto prendem motos de trabalhadores que mal têm dinheiro para documentação, bandidos agem à vontade. É querer tapar o sol com a peneira”.

Dados apontam Alagoas como um dos estados com maior taxa de homicídios por armas de fogo no Nordeste em 2024, cenário que se agravou nos primeiros meses de 2025. A população, no entanto, não vê respostas à altura. “Quantos mais precisam morrer para a classe política acordar? Estamos sendo deixados à própria sorte”, questionou um morardor.

O Silêncio do Poder
O Palácio República dos Palmares, sede do governo alagoano, não se manifestou sobre mais esse caso até o fechamento desta edição. Já deputados estaduais e prefeitos da região evitam comentar o caso publicamente, em um silêncio que alimenta a desconfiança popular. Especialistas em segurança ouvidos pela reportagem apontam a falta de políticas integradas e investimento em inteligência policial como fatores-chave para a escalada da violência.

“O estado vive uma combinação perversa: impunidade histórica e ausência de projetos sociais. Sem enfrentar essas raízes, nenhuma blitz resolverá”.

À Espera de Respostas
Enquanto a família da vítima prepara o enterro, marcado para esta quarta-feira (19/02), o medo se espalha entre trabalhadores do polo industrial. Muitos já evitam sair sozinhos ou permanecer nas redondezas após o expediente. “Até quando viveremos assim?”, pergunta um colega da vítima, que preferiu não se identificar.

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