Na tribuna da Assembleia Legislativa de Alagoas, nesta terça-feira (11), o deputado Antonio Albuquerque (Republicanos) lançou duras críticas ao governador Paulo Dantas (MDB) e ao ex-governador Renan Filho (MDB), atual ministro dos Transportes, acusando-os de descumprir promessas que envolvem a construção de uma estrada entre Limoeiro de Anadia e Taquarana, no coração do agreste alagoano. A obra, agora em andamento com um investimento de R$ 20 milhões pelo Programa Alagoas de Ponta a Ponta, tornou-se palco de uma disputa política que reflete tanto a busca por crédito quanto a frustração de uma região há anos à espera de melhorias.
Uma Placa que Caiu e Promessas que Não Se Cumpriram
Albuquerque não mediu palavras ao relembrar o governo de Renan Filho, que, ele, lançou expectativas nunca concretizadas. “Colocaram uma placa com dados e hora do início das obras, mas nada aconteceu. A placa caiu com o passar dos anos”, disparou o deputado, evocando a imagem de um símbolo de esperança que, abandonado ao tempo, tornou-se metáfora da desilusão da população local. Registros oficiais ou testemunhos da época foram especificados quando essa placa foi instalada e por que a obra não avançou, mas o fato é que, para o parlamentar, o episódio marca um compromisso não honrado.
A crítica se estende ao atual governador, Paulo Dantas, acusado de tentar capitalizar politicamente a iniciativa. Na segunda-feira (10), Dantas assinou a ordem de serviço em um evento que reuniu até mesmo adversários políticos, apresentando um caminho como uma conquista do governo estadual. Para Albuquerque, porém, trata-se de uma apropriação indevida de um projeto que ele próprio idealizou e pelo qual luta há anos.
A Origem de uma Luta Pessoal
O deputado reivindica a paternidade da obra, afirmando ter patrocinado o projeto de engenharia e doado ao governo estadual. Ele situa o marco inicial de sua empreitada em 9 de fevereiro de 2018, durante uma negociação com o então governador Renan Filho. “Por ocasião de uma votação importante nesta Casa, fiz apenas dois pedidos: uma estrada ligando Batalha a Belo Monte e outra conectando o povoado Cadoz a Taquarana, na AL-105”, relatou. Para ele, essas vias seriam progressivas de desenvolvimento do Agreste e do Médio Sertão, regiões marcadas por desafios de infraestrutura e isolamento.
Mas até que ponto essa narrativa se sustenta? Documentos legislativos ou registros do projeto poderiam comprovar a iniciativa de Albuquerque, assim como o suposto acordo com Renan Filho. Embora tais evidências não venham à tona, o discurso do parlamentar ganha força entre os moradores da região, que veem na estrada uma promessa de dias melhores.
Por que essa estrada é importante?
Mais do que um debate político, a construção da estrada entre Limoeiro de Anadia e Taquarana carrega um profundo para o agreste alagoano. Especialistas em infraestrutura apontam que vias pavimentadas como essas são essenciais para o escoamento da produção agrícola – uma das bases da economia local –, além de facilitar o acesso a serviços de saúde, educação e comércio. Moradores de povos próximos, como Cadoz, aguardam há décadas por uma conexão que os tira do isolamento, transformando a mobilidade em um vetor de progresso.
O Jogo Político em Segundo Plano
A intensidade das críticas de Albuquerque levanta questionamentos sobre o momento do seu pronunciamento. Analistas políticos sugerem que o deputado, ao destacar seu papel na obra e atacar figuras influentes do MDB, pode estar pavimentando o terreno para as próximas eleições, consolidando-se como uma voz combativa em defesa do interior. A presença de adversários no evento de assinatura da ordem de serviço, por outro lado, revela uma tentativa de Dantas de projetar unidade e eficiência administrativa – uma jogada que não passou despercebida pelo republicano.
Infraestrutura e Credibilidade em Xeque
A novela da estrada entre Limoeiro de Anadia e Taquarana é mais um capítulo na crônica da infraestrutura em Alagoas, onde promessas grandiosas nem sempre se traduzem em ações concretas. Casos semelhantes pipocam pelo estado e pelo país, reacendendo o debate sobre a responsabilidade dos governantes em cumprir compromissos e sobre o impacto real de obras como essa no desenvolvimento regional. Enquanto a pavimentação avança, os cidadãos acompanham se, desta vez, a placa resistirá ao tempo – e se a estrada, enfim, o progresso ao onde promete.